Olá amigos!
Na semana de aniversário do DALLA BLOG, estou convidando alguns amigos para partilhar um post de sua preferência de seus respectivos blogs. O sensacional artigo a seguir é do colega e querido amigo astrólogo Antônio Rosa, do blog COVA DO URSO (ao clicar no título do blog, irá para o artigo). Lembro-me muito bem de quando foi publicado. Emocionante, pois é a história recente do Brasil. Vivemos e presenciamos tudo isso.
Antônio é um grande incentivador e uma inspiração pro meu trabalho. Gratíssimo, querido! Foi um belo presente!! Vamos ao texto:
Texto traduzido daqui. No «Planet Money»
Por Chana Joffe-Walt
Jornalista e repórter radiofónica
Esta é uma história sobre como um economista brasileiro e os seus amigos deu a volta ao povo do Brasil para salvar o país de inflação galopante. Eles tinham um plano, louco e improvável, mas funcionou.
Há 20 e tal anos atrás, a taxa de inflação no Brasil atingiu 80% por mês. Nesse ritmo, se os ovos custavam $ 1 um certo dia, eles iriam custar $ 2 no mês seguinte. Se mantivessem este ritmo por um ano, os ovos chegariam aos $ 1.000.
Na prática, isso significou que as lojas tinham que mudar os seus preços todos os dias. O empregado no supermercado andaria pelos corredores colocando adesivos dos novos preços da comida. Os compradores corriam à frente dele, para que pudessem comprar os seus alimentos aos preço do dia anterior.
O problema retornou ao acontecido na década de 1950, quando o governo imprimiu dinheiro para construir a nova capital, Brasília. Na década de 1980, o padrão de inflação estava em vigor e era o mesmo de 30 anos antes.
Foi algo como isto:
1. Um novo presidente chega com um novo plano.
2. O Presidente congela preços e / ou contas bancárias.
3. O Presidente falha.
4. O Presidente vai a votos novamente ou dão-lhe o «impeachment.»
5. Repetir.
6. Assim se formou a ditadura, que também caiu.
Esta série de planos conseguiu repetidamente apenas uma coisa: convencer todos os brasileiros que o governo era incapaz de controlar a inflação.
Havia mais uma opção que, então, ninguém conhecia. Foi idealizado por quatro jovens economistas da Universidade Católica no Rio de Janeiro. A única razão pela qual eles entraram em cena [era agora ou nunca] é porque, em 1992, foi nomeado um novo ministro das Finanças do governo brasileiro, que não sabia nada sobre economia. Assim, o ministro chamou o jovem Edmar Bacha, o economista que é o herói da nossa história.
O ministro disse: 'Bem, eu acabei de ser nomeado ministro das Finanças. Você sabe que eu não sei de economia, então por favor, venha ao meu encontro em Brasília amanhã'", conta Bacha. "Eu estava apavorado." Bacha esperava por esta chamada há muitos anos.
Ele e três amigos economistas estavam a estudar a inflação brasileira, uma vez que eram estudantes de pós-graduação - eram quatro jovens a reclamarem uns com os outros sobre como ninguém sabia como consertar este assunto tão grave. E agora estavam com o governo a dizer-lhes: "Muito bem, façam do vosso jeito." Bacha depois de falar com o ministro foi convidado para conhecer o Presidente de então do Brasil.
"Eu pedi um autógrafo para os meus filhos", diz Bacha. Então o Presidente escreveu para as crianças Bacha uma nota que dizia: "Por favor, digam ao vosso pai para trabalhar rápido em benefício do país."
Os quatro amigos começaram a explicar a sua ideia, assim: Você tem que desacelerar a criação de dinheiro. Mas, tão importante, você tem que estabilizar a fé das pessoas no próprio dinheiro. As pessoas têm que ser levadas a pensar que o dinheiro irá realizar o seu próprio valor.
Os quatro economistas queriam criar uma nova moeda que fosse estável, segura e confiável. Havia um único problema: esta moeda não seria verdadeira. Sem moedas, sem notas, sem contas. Era falsa. Era virtual.
«Chamámos-lhe uma «Unidade de Valor Real» - UVR», diz Bacha."Era virtual; ela não existia de facto".
As pessoas ainda tinham e usavam a moeda existente, o «cruzado». Mas tudo seria listado e marcado em UVrs, a moeda falsa. Os seus salários seriam listada em UVRs. Impostos foram em UVRs. Todos os preços foram listados em UVRs. E os UVRs mantiveram-se estáveis ?- o que mudou foi o número de «cruzados» que cada UCR valia.
Digamos, por exemplo, que o leite custava 1 UVR. Em um determinado dia, um URV podia ter o valor de 10 cruzeiros. Um mês depois, o leite continuaria ainda a custar apenas 1 UVR. Mas o UVR podia ter um valor de 20 cruzados. Era tudo movimentado na moeda virtual.
A ideia era simples: que as pessoas começassem a pensar em UVRs e não em cruzados e parassem de esperar que os preços estavam sempre a subir.
"Não entendemos o que era", conta Maria Leopoldina Bierrenbach, uma dona de casa de São Paulo. "Eu costumava dizer que era uma fantasia, porque não era real."
E assim, as pessoas começaram a usar os UVRs virtuais. E depois de alguns meses desta «fantasia», constataram que os preços em UVRs foram ficando estáveis, até estabilizarem completamente??. Uma vez isso acontecido, Bacha e os seus amigos poderiam declarar que a moeda virtual «Unidade de Valor Real» - UVR» se tornaria na moeda real do país. Seria chamada de «real». Até hoje! É a moeda de uma das economias mais pujantes do planeta.
"Todo mundo começou a receber os seus salários e pagar por todos os preços, na nova moeda, que é o «real»", diz Bacha. "Esse foi o truque."
No dia em que o governo lançou o «real», diz Bacha, um amigo jornalista perguntou-lhe: "Professor, você jura que a inflação vai acabar amanhã?" - "Sim, eu juro." disse Bacha.
E, basicamente, a inflação acabou, e a economia do país se virou. Nos anos que se seguiram, o Brasil tornou-se um grande exportador, e 30 milhões de pessoas saíram da pobreza.
Os quatro amigos começaram a explicar a sua ideia, assim: Você tem que desacelerar a criação de dinheiro. Mas, tão importante, você tem que estabilizar a fé das pessoas no próprio dinheiro. As pessoas têm que ser levadas a pensar que o dinheiro irá realizar o seu próprio valor.
Os quatro economistas queriam criar uma nova moeda que fosse estável, segura e confiável. Havia um único problema: esta moeda não seria verdadeira. Sem moedas, sem notas, sem contas. Era falsa. Era virtual.
«Chamámos-lhe uma «Unidade de Valor Real» - UVR», diz Bacha."Era virtual; ela não existia de facto".
As pessoas ainda tinham e usavam a moeda existente, o «cruzado». Mas tudo seria listado e marcado em UVrs, a moeda falsa. Os seus salários seriam listada em UVRs. Impostos foram em UVRs. Todos os preços foram listados em UVRs. E os UVRs mantiveram-se estáveis ?- o que mudou foi o número de «cruzados» que cada UCR valia.
Digamos, por exemplo, que o leite custava 1 UVR. Em um determinado dia, um URV podia ter o valor de 10 cruzeiros. Um mês depois, o leite continuaria ainda a custar apenas 1 UVR. Mas o UVR podia ter um valor de 20 cruzados. Era tudo movimentado na moeda virtual.
A ideia era simples: que as pessoas começassem a pensar em UVRs e não em cruzados e parassem de esperar que os preços estavam sempre a subir.
"Não entendemos o que era", conta Maria Leopoldina Bierrenbach, uma dona de casa de São Paulo. "Eu costumava dizer que era uma fantasia, porque não era real."
E assim, as pessoas começaram a usar os UVRs virtuais. E depois de alguns meses desta «fantasia», constataram que os preços em UVRs foram ficando estáveis, até estabilizarem completamente??. Uma vez isso acontecido, Bacha e os seus amigos poderiam declarar que a moeda virtual «Unidade de Valor Real» - UVR» se tornaria na moeda real do país. Seria chamada de «real». Até hoje! É a moeda de uma das economias mais pujantes do planeta.
"Todo mundo começou a receber os seus salários e pagar por todos os preços, na nova moeda, que é o «real»", diz Bacha. "Esse foi o truque."
No dia em que o governo lançou o «real», diz Bacha, um amigo jornalista perguntou-lhe: "Professor, você jura que a inflação vai acabar amanhã?" - "Sim, eu juro." disse Bacha.
E, basicamente, a inflação acabou, e a economia do país se virou. Nos anos que se seguiram, o Brasil tornou-se um grande exportador, e 30 milhões de pessoas saíram da pobreza.
Minhas notas pessoais
1 - O Ministro das Finanças [no Brasil diz-se 'Ministro da Fazenda'] mencionado na história e que confessou nada saber de economia, era Fernando Henrique Cardoso. Garantiu assim a Presidência do Brasil em 1994.
2 - O Presidente mencionado na história e que deu o autógrafo aos filhos de Bacha era Fernando Collor, que herdou o verdadeiro desastre da economia de José Sarney, sendo, no entanto, a este último a quem os brasileiros devem a democracia em que felizmente vivem. Foram Tancredo Neves [que viveu apenas 1 mês como Presidente, devido ao seu súbito falecimento] e sobretudo, José Sarney quem reconduziram o país ao regime democrático, depois de 20 anos de ditadura militar.
3 - Ironias da vida: Fernando Collor é mais recordado pelo «impeachment» que sofreu 2 anos depois de tomar posse como Presidente do Brasil, em Outubro de 1992 e são pouco os que se lembram que foi no seu governo que a inflação de 1.200% ao ano (herdada da presidência anterior) passou a nível quase «zero», conforme nos é contada na história acima. Porque teve um ministro da Fazenda absolutamente crucial: Fernando Henrique Cardoso.
4 - Para quem anda no meio astrológico, vale a pena analisar o mapa do Brasil para esses anos:
Clicar para ampliar |
4 - Nessa época, há 20 e tal anos, Saturno entrou em Aquário, focalizando-se em assuntos revolucionários e modernos: veja-se o que a história conta, com a tal moeda virtual, o IVR. Mas de forma organizada e metódica, mantendo-se o cruzado. Mas, mais curioso em termos astrológicos, foi o ingresso de Saturno na Casa XII do Brasil - em astrologia mundana (e não só) esta casa trata dos assuntos das muito grandes organizações. Estamos todos de acordo que o governo de um país é uma muito grande organização? Além disso, fazia excelentes aspectos à Lua e a Júpiter natais do Brasil, forçando todos a se organizarem através da sua quadratura a Saturno natal [mais tarde, o «impeachment» presidencial] que manteve rédeas curtas no cenário inovador que surgia. Úrano transitava pela Casa XI do Brasil (o seu povo), mas em Capricórnio, indicando coisas novas, mas de forma organizada. O FMI nunca chegou a intervir. Este Úrano fazia um excelente trígono ao Sol do Brasil, dando imensa vitalidade a esta originalidade. Quem quiser que veja os outros transitos.
Link para o post original aqui.
O comentário que deixei lá no blog do Antônio, na ocasião de sua publicação:
«OLá meu querido!!!!
Este post está fantástico, emociona todos os brasileiros que, como eu, viveram na pele essa história.
Lembro-me muito bem, fazia faculdade na época. Meus pais tinham que me enviar dinheiro semanalmente... a certa altura tive que me mudar de onde morava pois o aluguel duplicava a cada três meses. Uma loucura!
Depois de alguns planos falhos, veio este do Real. É tão viva essa memória... mas não conhecia a história verdadeira. Apenas me recordo de que quando foi lançado, o 1 real valia 1 dólar.
Hoje, mais de 20 anos depois, 1 dólar vale 1,5 real e está caindo...
Meu querido, na minha modesta opinião, vc se superou! Agradeço de coração!!!
grande abraço»
7 comentários:
Um espetáculo de post. Somos os personagens vivos dessa história Marcelo.
Eu me lembro muitíssimo bem do dia em que a moeda virou real e a história que antecedeu a isso.
Aqui está o comentário deixado no dia da publicação original desse post:
Como brasileira lhe agradeço de coração por ter conhecido hoje, aqui e agora uma história fantástica.
Vivi tudo o que o texto conta... os dias de inflação violenta. As pessoas ganhando $$$ em aplicações relâmpagos. As corridas aos supermercados. O caos. A perda. O desespero do povo por conta de uma grande insegurança. E tudo isso sem saber de nada do que rolava nos bastidores do governo.
Minha vida pessoal nessa época igualmente foi um caos, assim como a de muitas pessoas.
Ler, portanto esta matéria hoje foi um resgate de uma lembrança guardada em baixo do tapete sem a devida compreensão.
Parabéns aos dois, Marcelo e António, ou vice-versa.... Parabéns por seus quatro anos de vida...
Adoro o Dalla blog...
Beijo grande.
Astrid Annabelle
Querido Marcelo,
Estou emocionado e encantado por ver o meu post no seu belo blogue. Se o outro template já era lindo, este então se supera, sem dúvida.
Ver um post que tanto prazer me deu e que foi tão trabalhos de fazer, então, é uma grande emoção, porque também gosto do post e, sobretudo goste de vocês, meus irmãos do coração.
Não contava ver já hoje o post dentro da semana comemorativa do 4º aniversário da Dalla Blogue.
Só me resta fazer:
Tchim-tchim!!! Pelos 4 anos deste maravilhoso blogue e seu autor.
Tchim-tchim!
Tchim-tchim!
Tchim-tchim!
Beijos e abraços
António
Realmente emocionante, observar estas ironias carmicas nos mapas destes políticos.
Eu tenho minhas reservas ao Collor. Mas nada é 8 ou 80! Tudo tem seu outro lado, e até o mal é necessário, não que ele seja "o mal", mas julgar é coisa do passado. Que grande 'tranco'-pessoal levei! rss
Quero destacar aqui, que a genialidade do povo brasileiro, "o bom malandro" que é filho do "bom selvagem " é o ser humano do futuro! Estes economistas foram Geniais! Movidos pelo Divino "Que puxa tapetes! " kkkkk
Acreditam que eu não conhecia esta história!? No nosso "Brasil real" a História recente é muito mal divulgada e estudada... eu tinha na época 9 anos... e lembro que o baque emocional em meu avô foi mortífero e enlouquecedor... ( carma dos dois lados né mesmo... mas a compaixão e o equilíbrio andam juntos também para os dois lados, e agora para os 3 lados da moeda! Que decobrimos aos poucos!rss )
Sabem, venho observando o quanto nossos Blogs tem de alguma forma tocado na política, na melhora social. É um momento mesmo para isto.
Sinto-me honrado por estar vivendo estas conjunções ao lado de vocês, Atónio, Marcelo e Astrid.
E, nas palavras da querida amiga Astrid eu encerro este elogio aos Economistas e aos Injustiçados, e ao Tancredo Neves suadoso e ao Marimbondo de Fogo Sarney! rsss:
Em minas , nas conversas no barbeiro, no jogo do bixo, e nos bares, eu cresci como se estes políticos fossem vizinhos nossos! srrs
"Um espetáculo de post!"
Um abraço de luz nos amigos António e Marcelo!
Eba!!!! Que delícia encontrar os três amigos queridos aqui.
Astrid, pelo seu comentário vejo que também se emocionou com essa história, como eu. Realmente esse texto nos trouxe uma nova compreensão dessa época.
Antonio, o prazer é todo meu. Gosto muito quando fazemos essa ponto entre nossos blogs, pois o COVA DO URSO é um dos meus prediletos e o seu trabalho é sempre uma inspiração.
Celebremos, pois!!!!
Tchim tchim!!!!
Agradeço mais uma vez por me dar esta honra.
abraço, querido!
William, amei seu comentário e penso da mesma forma. Julgar é coisa do passado, tenho me policiado nesse quesito.
Vamos prosseguir com essa conjunção de temas e blogs, aguardo seu post escolhido pra ser publicado aqui.
Tb sinto-me honrado com tudo isso!!!!
Bem haja!!!
bjosssss
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