quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

ONDE ESTÁ A POESIA?

Foto daqui

Fim da tarde de dezembro na avenida Paulista.
Horário de verão e óculos escuros.
Vou a uma gráfica buscar ampliações de mandalas encomendadas
e depois a um encontro marcado com um amigo bem em frente ao Conjunto Nacional.
Caminho bom de se fazer, que bom que tenho pernas pra andar.
Por que sempre me sinto tão feliz ao caminhar por essa rua?
Sinto-me dono do nariz e do chão que eu piso,
sei que no momento não poderia estar em lugar melhor.

Em frente ao prédio da FIESP uma banda paramentada de azul marinho
a executar canções de natal.
Sou uma criança que sorri e canta Noite Feliz
acompanhada de trompetes, bumbo, tuba e trombone.

Bombeiros socorrem uma mulher caída no chão, exposta em sua fragilidade.
Pessoas olham, olhares periféricos, depois seguem seu destino.
Cada um com seu propósito, tentando ser feliz à sua maneira.
As pessoas estão vivas.
Milagrosamente vivas.
Insistem no preto, branco e cinza
enquanto apenas alguns mais ousados arriscam cores e sorrisos.

A discrepância de enfeites de neve em pleno calor de trinta e poucos graus.
Procuro não julgar, apenas observar.
Lembro-me de uma frase do Osho:
"aceite tudo como algo bom e uma profunda mudança ocorrerá."

Em frente ao Center 3 casais demonstram danças de salão.
Desenvoltura, malemolência e romantismo instantâneo.
Por que não dançar ali mesmo?

Mais adiante um jovem magricelo imita Michael Jackson.
Boa imitação com toques de brasilidade.
Americanóides brasiliensis.

Chego ao Conjunto Nacional, exposição das belas gravuras de Carlos Scliar.
Da reflexão à criação, eles dizem.
Da inspiração que vem das nuvens à formatação que desce ao chão, eu digo.
O admirável dom de sintetizar as formas e as cores modernas da década de 40.
Encontro meu amigo num abraço caloroso
vamos para um happy hour, nós merecemos.
(Merecemos happy minutes, happy seconds também.)

Vamos molhar as palavras com cerveja na rua Frei Caneca,
o papo flui deliciosamente com o fim da retrogradação de Mercúrio.
Ou será pela cerveja? 
Ou pela sintonia de ideias?
Mercúrio que me perdoe a traição, mas o papo flui netunianamente.

Fato: nada acontece por acaso.
Uma menininha pequinininha sozinha tadinha
vende bolas que brilham com o atrito.
Tudo o que brilha e reluz me fascina.
Compro uma bola, dentro dela um golfinho,
símbolo xamânico da comunicação, da alegria, da telepatia 
e da ligação com os outros mundos.

Há, sim, poesia em tudo.
Basta abrir os olhos e ver.

17 comentários:

  1. Estou aqui quietinha, preparando-me para dormir. Tudo tão calmo. Dou as mãos a vc, vamos caminhando... nossa, amigo , amei tudo tudo que gostou, não da falta de cores, nem vi as pessoas .Só suas observações iam me conduzindo.
    Eu concordo!
    Tudo tão bonito porque vc estava lá.
    Que linda fica está cidadezinha quando está meu amigo a caminhar.
    Obrigada pelo palácio cultural por Sampa.
    A M E I!!!
    Lindo lindo lindo
    Beijos no seu coração ,
    ele é o poeta.
    Em você mora a poesia.

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  2. A poesia está no ar só falta alguém captá-la... Seu texto me lembrou uma História em Quadrinho que fiz em parceria com um amigo "Inferno Interior" Esta postada lá no Baú... Esse post resume tudo o que sempre tento passar para as pessoas curti muito um abraçoe tudo de bom!

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  3. ooiee marcelo querido!!
    eu adoreei sua poesia, que lindo, lindo, lindo!
    naveguei em cada palavra dessa poesia, adorei mesmo! a poesia celestial habita em teus olhos, em você, no seu coração!
    beeijos!


    de : Vanessa (:

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  4. Izabel, querida: de poeta pra poeta. Sei que me entende, pq sua alma tb está repleta de poesia.
    Fico tão feliz com seus comentários, amiga!!!!! Gratíssimo, vc me inspira a continuar.
    bjossss nos seu cuore

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  5. Veloso: eu adoro seu blog e suas tirinhas. Grato pelas palavras gentis, estamos em sintonia.
    Valeu!!!
    abraço

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  6. Vanessa: que fofa! valeu, querida, fico muito feliz em saber.
    Grande bjo

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  7. Oi Marcelo! adorei o seu passeio...moro fora e AMO Sampa, com todos os contrastes e todas as etnias..andei com você..foi possível perceber cada lugar que você mencionou..obrigada!Gostei muito do seu blog e também da sua meia cara :)) Abraço

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  8. Sim... há sim... quem tem olhos que veja...
    como são lindos os seus olhos Marcelo...
    olhos de serpente renovadora...
    LINDA VERDADE...
    "as pessoas estão vivas!"
    Estamos vivos!

    Vou guardar comigo e no coração esta tua poesia.

    Senhor, da-me a graça de ter os olhos de um poeta menino!

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  9. Sua descrição foi tão perfeita que me
    senti como se estivéssemos caminhando lado a lado.
    Você foi perfeito!o seu modo de vêr as coisas em detalhes, foi maravilhoso..
    Adorei!
    Eu...zinha
    conversasreflexoesedesabafos.blogspot.com

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  10. Sua poesia me fez caminhar com vc, parece que eu estava lá

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  11. Amo São Paulo!
    E confesso que me sinto como você quando caminho pela Paulista... mas jamais conseguiria me expressar com você!
    Beijo imenso!
    Li

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  12. Lille: muito prazer, querida!!! Fico feliz que gostou e agradeço. Fui lá te visitar e gostei do seu espaço tb. Seja sempre bem vinda.
    bjossssssss

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  13. Querido William: que lindas palavras!!! Falamos a mesma língua, meu amigo. E faço minhas as suas palavras: "Senhor, da-me a graça de ter os olhos de um poeta menino!"
    Cada vez mais!!!!
    amei isso...
    bjo

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  14. Euzinho: se vc gostou é pq estamos em sintonia!!!! Grato pelo carinho, querida!!!
    bjosssss

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  15. Li: a Av. Paulista é mesmo inspiradora. Vc consegue sim, é só deixar fluir!!! :)
    bjosssss

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  16. Também caminhei ao seu lado...sentimento intenso de pura magia!
    Amei.
    Beijos
    Astrid Annabelle

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  17. Astrid: É isso mesmo, amiga. Magia, poesia e inspiração estão ligados... são assuntos de Netuno.
    Agradeço sempre, todo o carinho que deixa aqui!!!
    grande bjo

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Os comentários são o maior estímulo pra este trabalho. Obrigado!