domingo, 21 de novembro de 2010
A PEQUENA ALMA E O SOL
Amigos!
É com grande alegria que compartilho um dos contos mais belos e inspirados que já li. Fiquei profundamente sensibilizado, gostaria de saber a opinião de vocês também. Como dizem nossos amigos portugueses: Bem Haja!
A Pequena Alma e o Sol
de Neale Donald Walsch
Era uma vez, em tempo nenhum, uma Pequena Alma que disse a Deus:
- Eu sei quem sou!
E Deus disse:
- Que bom! Quem és tu?
E a Pequena Alma gritou:
- Eu sou Luz
E Deus sorriu.
- É isso mesmo! - exclamou Deus. - Tu és Luz!
A Pequena Alma ficou muito contente, porque tinha descoberto aquilo que todas as almas do Reino deveriam descobrir.
- Uauu, isto é mesmo bom! - disse a Pequena Alma.
Mas, passado pouco tempo, saber quem era já não lhe chegava. A pequena Alma sentia-se agitada por dentro, e agora queria ser quem era. Então foi ter com Deus (o que não é má idéia para qualquer alma que queira ser Quem Realmente É) e disse:
- Olá Deus! Agora que sei Quem Sou, posso sê-lo?
E Deus disse:
- Quer dizer que queres ser Quem já És?
- Bem, uma coisa é saber Quem Sou, e outra coisa é sê-lo mesmo. Quero sentir como é ser a Luz! - respondeu a pequena Alma.
- Mas tu já és Luz - repetiu Deus, sorrindo outra vez.
- Sim, mas quero senti-lo! - gritou a Pequena Alma.
- Bem, acho que já era de esperar. Tu sempre foste aventureira - disse Deus com uma risada. Depois a sua expressão mudou.
- Há só uma coisa...
O quê? - perguntou a Pequena Alma.
- Bem, não há nada para além da Luz.
Porque eu não criei nada para além daquilo que tu és; por isso, não vai ser fácil experimentares-te como Quem És, porque não há nada que tu não sejas.
- Hã? - disse a Pequena Alma, que já estava um pouco confusa.
- Pensa assim: tu és como uma vela ao Sol. Estás lá sem dúvida. Tu e mais milhões, ziliões de outras velas que constituem o Sol. E o Sol não seria o Sol sem vocês. 'Não seria um sol sem uma das suas velas... e isso não seria de todo o Sol, pois não brilharia tanto. E no entanto, como podes conhecer-te como a Luz quando estás no meio da Luz - eis a questão'.
- Bem, tu és Deus. Pensa em alguma coisa! - disse a Pequena Alma mais animada.
Deus sorriu novamente.
- Já pensei. Já que não podes ver-te como a Luz quando estás na Luz, vamos rodear-te de escuridão - disse Deus.
- O que é a escuridão? perguntou a Pequena Alma.
- É aquilo que tu não és - replicou Deus.
- Eu vou ter medo do escuro? - choramingou a Pequena Alma.
- Só se o escolheres. Na verdade não há nada de que devas ter medo, a não ser que assim o decidas. Porque estamos a inventar tudo. Estamos a fingir.
- Ah! - disse a Pequena Alma, sentindo-se logo melhor.
Depois Deus explicou que, para se experimentar o que quer que seja, tem de aparecer exactamente o oposto.
- É uma grande dádiva, porque sem ela não poderíamos saber como nada é - disse Deus - Não poderíamos conhecer o Quente sem o Frio, o Alto sem o Baixo, o Rápido sem o Lento. Não poderíamos conhecer a Esquerda sem a Direita, o Aqui sem o Ali, o Agora sem o Depois. E por isso, - continuou Deus - quando estiveres rodeada de escuridão, não levantes o punho nem a voz para amaldiçoar a escuridão. Sê antes uma Luz na escuridão, e não fiques furiosa com ela. Então saberás Quem Realmente És, e os outros também o saberão. Deixa que a tua Luz brilhe tanto que todos saibam como és especial!'
- Então posso deixar que os outros vejam que sou especial? - perguntou a Pequena Alma.
- Claro! - Deus riu-se. - Claro que podes! Mas lembra-te de que 'especial' não quer dizer 'melhor'! Todos são especiais, cada qual à sua maneira! Só que muitos esqueceram-se disso. Esses apenas vão ver que podem ser especiais quando tu vires que podes ser especial!
- Uau - disse a Pequena Alma, dançando e saltando e rindo e pulando. - Posso ser tão especial quanto quiser!
- Sim, e podes começar agora mesmo - disse Deus, também dançando e saltando e rindo e pulando juntamente com a Alma - Que parte de especial é que queres ser?
- Que parte de especial? - repetiu a Pequena Alma. - Não estou a perceber.
- Bem, - explicou Deus - ser a Luz é ser especial, e ser especial tem muitas partes. É especial ser bondoso. É especial ser delicado. É especial ser criativo. É especial ser paciente. Conheces alguma outra maneira de ser especial?
A Pequena Alma ficou em silêncio por um momento.
- Conheço imensas maneiras de ser especial! - exclamou a Pequena Alma - É especial ser prestável. É especial ser generoso. É especial ser simpático. É especial ser atencioso com os outros.
- Sim! - concordou Deus - E tu podes ser todas essas coisas, ou qualquer parte de especial que queiras ser, em qualquer momento. É isso que significa ser a Luz.
- Eu sei o que quero ser, eu sei o que quero ser! - proclamou a Pequena Alma com grande entusiasmo. - Quero ser a parte de especial chamada 'perdão'. Não é ser especial alguém que perdoa?
- Ah, sim, isso é muito especial, assegurou Deus à Pequena Alma.
- Está bem. É isso que eu quero ser. Quero ser alguém que perdoa. Quero experimentar-me assim - disse a Pequena Alma.
- Bom, mas há uma coisa que devias saber - disse Deus.
A Pequena Alma já começava a ficar um bocadinho impaciente. Parecia haver sempre alguma complicação.
- O que é? - suspirou a Pequena Alma.
- Não há ninguém a quem perdoar.
- Ninguém? A Pequena Alma nem queria acreditar no que tinha ouvido.
- Ninguém! - repetiu Deus. Tudo o que Eu fiz é perfeito. Não há uma única alma em toda a Criação menos perfeita do que tu. Olha à tua volta.
Foi então que a Pequena Alma reparou na multidão que se tinha aproximado. Outras almas tinham vindo de todos os lados - de todo o Reino - porque tinham ouvido dizer que a Pequena Alma estava a ter uma conversa extraordinária com Deus, e todas queriam ouvir o que eles estavam a dizer. Olhando para todas as outras almas ali reunidas, a Pequena Alma teve de concordar.
Nenhuma parecia menos maravilhosa, ou menos perfeita do que ela. Eram de tal forma maravilhosas, e a Luz de cada uma brilhava tanto, que a Pequena Alma mal podia olhar para elas.
- Então, perdoar quem? - perguntou Deus.
- Bem, isto não vai ter piada nenhuma! - resmungou a Pequena Alma - Eu queria experimentar-me como Aquela que Perdoa. Queria saber como é ser essa parte de especial.
E a Pequena Alma aprendeu o que é sentir-se triste.
Mas, nesse instante, uma Alma Amiga destacou-se da multidão e disse:
- Não te preocupes, Pequena Alma, eu vou ajudar-te - disse a Alma Amiga.
- Vais? - a Pequena Alma animou-se. - Mas o que é que tu podes fazer?
- Ora, posso dar-te alguém a quem perdoares!
- Podes?
- Claro! - disse a Alma Amiga alegremente. - Posso entrar na tua próxima vida física e fazer qualquer coisa para tu perdoares.
- Mas por quê? Porque é que farias isso? - perguntou a Pequena Alma. - Tu, que és um ser tão absolutamente perfeito! Tu, que vibras a uma velocidade tão rápida a ponto de criar uma Luz de tal forma brilhante que mal posso olhar para ti! O que é que te levaria a abrandar a tua vibração para uma velocidade tal que tornasse a tua Luz brilhante numa luz escura e baça? O que é que te levaria a ti, que danças sobre as estrelas e te moves pelo Reino à velocidade do pensamento, a entrar na minha vida e a tornares-te tão pesada a ponto de fazeres algo de mal?
- É simples - disse a Alma Amiga. - Faço-o porque te amo.
A Pequena Alma pareceu surpreendida com a resposta.
- Não fiques tão espantada - disse a Alma Amiga - tu fizeste o mesmo por mim. Não te lembras? Ah, nós já dançamos juntas, tu e eu, muitas vezes. Dançamos ao longo das eternidades e através de todas as épocas. Brincamos juntas através de todo o tempo e em muitos sítios. Só que tu não te lembras. Já fomos ambas o Todo. Fomos o Alto e o Baixo, a Esquerda e a Direita. Fomos o Aqui e o Ali, o Agora e o Depois. Fomos o Masculino e o Feminino, o Bom e o Mau - fomos ambas a vítima e o vilão. Encontramo-nos muitas vezes, tu e eu; cada uma trazendo à outra a oportunidade exata e perfeita para Expressar e Experimentar Quem Realmente Somos.
- E assim, - a Alma Amiga explicou mais um bocadinho - eu vou entrar na tua próxima vida física e ser a 'má' desta vez. Vou fazer alguma coisa terrível, e então tu podes experimentar-te como Aquela Que Perdoa.
- Mas o que é que vais fazer que seja assim tão terrível? - perguntou a Pequena Alma, um pouco nervosa.
- Oh, havemos de pensar nalguma coisa - respondeu a Alma Amiga, piscando o olho.
Então a Alma Amiga pareceu ficar séria, disse numa voz mais calma:
- Mas tens razão acerca de uma coisa, sabes?
- Sobre o quê? - perguntou a Pequena Alma.
- Eu vou ter de abrandar a minha vibração e tornar-me muito pesada para fazer esta coisa não muito boa. Vou ter de fingir ser uma coisa muito diferente de mim. E por isso, só te peço um favor em troca.
- Oh, qualquer coisa, o que tu quiseres! - exclamou a Pequena Alma, e começou a dançar e a cantar: - Eu vou poder perdoar, eu vou poder perdoar!
Então a Pequena Alma viu que a Alma Amiga estava muito quieta.
- O que é? - perguntou a Pequena Alma.
- O que é que eu posso fazer por ti? És um anjo por estares disposta a fazer isto por mim!
- Claro que esta Alma Amiga é um anjo! - interrompeu Deus, - são todas! Lembra-te sempre: Não te enviei senão anjos.
E então a Pequena Alma quis mais do que nunca satisfazer o pedido da Alma Amiga.
- O que é que posso fazer por ti? - perguntou novamente a Pequena Alma.
- No momento em que eu te atacar e atingir, - respondeu a Alma Amiga - no momento em que eu te fizer a pior coisa que possas imaginar, nesse preciso momento...
- Sim? - interrompeu a Pequena Alma - Sim?
A Alma Amiga ficou ainda mais quieta.
- Lembra-te de Quem Realmente Sou.
- Oh, não me hei de esquecer! - gritou a Pequena Alma - Prometo! Lembrar-me-ei sempre de ti tal como te vejo aqui e agora.
- Que bom, - disse a Alma Amiga - porque, sabes, eu vou estar a fingir tanto, que eu própria me vou esquecer. E se tu não te lembrares de mim tal como eu sou realmente, eu posso também não me lembrar durante muito tempo. E se eu me esquecer de Quem Sou, tu podes esquecer-te de Quem És, e ficaremos as duas perdidas. Então, vamos precisar que venha outra alma para nos lembrar às duas Quem Somos.
- Não vamos, não! - prometeu outra vez a Pequena Alma. - Eu vou lembrar-me de ti! E vou agradecer-te por esta dádiva - a oportunidade que me dás de me experimentar como Quem Eu Sou.
E assim o acordo foi feito. E a Pequena Alma avançou para uma nova vida, entusiasmada por ser a Luz, que era muito especial, e entusiasmada por ser aquela parte especial a que se chama Perdão. E a Pequena Alma esperou ansiosamente pela oportunidade de se experimentar como Perdão, e por agradecer a qualquer outra alma que o tornasse possível.
E, em todos os momentos dessa nova vida, sempre que uma nova alma aparecia em cena, quer essa nova alma trouxesse alegria ou tristeza - principalmente se trouxesse tristeza - a Pequena Alma pensava no que Deus lhe tinha dito.
Lembra-te sempre - Deus aqui tinha sorrido - não te enviei senão anjos!
Que retratação maravilhosa.
ResponderExcluirOs sentidos que falam, que estravazam, as coisas que lhes encomodam.
Todos ainda descrente, sem auto reconhecimento, buscando oportunidade de aprendizagem, experimentado as diversas provas a que se subjulgam incapazes.
Do lado de lá, ante a nova oportunidade, propostas feitas, e vezes concebida, mas do lado de cá tornam se esquecidas, se quedam nos testes e não se acreditam.
Perfeito texto, bem retratado, pela alma iluminadamente inspirada que escreveu.
Vou levar pra mim Celito, pois que o texto pede repasse, inúmeras almas aflitas, buscam respostas, porque perdidas, não se acham.
Afetuoso beijo em teu coração.
Uma feliz semana.
Livinha
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQue texto fantástico! Adorei. E Como sempre chegou à minha alma na hora exacta para me Despertar...
ResponderExcluirPerdoar, perdoar; haverá algo mais difícil mas ao mesmo tempo mais maravilhoso e libertador?
Beijinhos, beijinhos portugueses :)
E bem haja Você por Partilhar !
angela
Livinha querida: este texto me sensibilizou profundamente. É um daqueles pra ler, reler, relebrar...
ResponderExcluirE deve sim ser repassado e compartilhado, quanto mais pessoas puderem ler, melhor!!!!!
grande bjo
Angela: chegou na hora pra mim tb.
ResponderExcluirCompreender - aceitar - perdoar - aprender - amar!!!!!!
Eis os verbos que resumem a vida.
Bem Haja pra todos nós!!!
bjossss
Que maravilha de texto...o seu blog sempre com boas novas.
ResponderExcluirabraços
Interessante o conto e nos mostra como todo ser é especial, mesmo quando se esqueçe de que é especial, por isto é tão importante perdoar, aceitar, aprender - AMAR.
ResponderExcluirbjs
Adorei, muito bom mesmo! Mas pede i,a reflexão profunda e verdadeira, para que essa coclusão possa ser também a nossa.
ResponderExcluirbjs
Olá Marcelo
ResponderExcluirGostei muito do seu conto. Chegou até bem dentro de mim. Talentoso, você.
Venho agradecer os seus parabéns deixados no meu blogue 'Cova do Urso', pelo 3º aniversário que estamos a comemorar.
Muito e muito obrigado por se ter lembrado.
Abreijos.
António
Amigo, obrigada por ter pensado em mim. Realmente não ando nos meus melhores dias, mas logo isso passa...coisa de poeta, de quem sente as dores do mundo como se fossem suas, juntando com mais as minhas: pronto, tá feito o estrago! hehe Obrigada pelo carinho, beijos,
ResponderExcluirJá conhecia mas não me canso de ler ! Como dizes, este é um dos mais belos contos que já li ! Bem hajas ! ;)
ResponderExcluirHugo: suas visitas são sempre um prazer, meu querido! Grande abraço!
ResponderExcluirPensando em família: è isso mesmo!!!! Bos esquecemos, mas estamos nos relembrando! Isso é MARAVILHOSO!!!!
ResponderExcluirGRANDE BJO
Paula: esse conto me tocou fundo na alma... ressoou em meu coração...
ResponderExcluirBjosssssssss
Antonio!!! Querido, hoje é dia de festa. Fui, voltei, e vou de novo lá no seu blog maravilhoso pra brindar contigo várias vezes!!!
ResponderExcluirGrande abraço e parabéns mais uma vez!!!
Glorinha querida!!! Conte com meu carinho sempre!!!!!!
ResponderExcluirgrande bjo
EU de Mim: Que bom que relembrou. Bem haja mil vezes!!!
ResponderExcluirbjossss
Lindíssimo! Conhecia uma versão semelhante, mas esta é simplesmente fabulosa!
ResponderExcluirNamasté!
Acompanhei a trilogia do Conversando com Deus,o que para mim foi uma A Experiência da minha vida até então,mudou o que eu acreditava,o que eu sentia e o que eu achava que era,essa trilogia ressoou profundamente no meu coração,e quando no segundo livro eu cheguei a essa parte,foi mágico,eu não acreditei no que aconteceu comigo,eu fiquei tão emocionada por saber enfim o porquê deveríamos amar os nossos supostos inimigos, que eu chorei ao compreender que eles na verdade são aqueles que nos amam tanto ao ponto de fazer o sacrifício de diminuírem a sua luz para que possamos ter as nossas experiências na dualidade,eu estava numa livraria e eu fiquei de duas horas até quase cinco horas em pé,coisa que eu nem conseguia aguentar meia hora e nem percebi que havia passado tanto tempo,até perdi um compromisso que havia às tres horas,fiquei pasma com o que tinha acontecido,por isso quando vejo alguém agindo de maneira negativa,eu me lembro logo que essa é uma alma de pura luz que,ou está fazendo um favor a outra alma ou esqueceu de quem ela verdadeiramente É,e eu me sinto muito grata por ter esse conhecimento porque agora eu não consigo mais ter raiva de ninguém e posso compreender as atitudes não harmoniosas dos meus outros Eus.No começo pode ser difícil por causa do mau hábito que a gente tem de viver julgando a tudo e a todos,mas aos poucos a gente consegue.Namasté...
ResponderExcluirMarcello,
ResponderExcluirEste conto nos diz, que somos Um com Deus !
Obrigada pela postagem !!!
Por diferentes caminhos, tenho lido isto ultimamente!!!
Sou grata !!!
Muito lindo...!
ResponderExcluir