Gruvi Jorge

Gruvi Jorge, esse é o homem. Lenda viva. Nenhuma festa é a mesma sem sua presença. Chega e contagia com a sua energia. Vai direto pra pista, dá uma pirueta e dança, rebola, música entrando no corpo em movimentos que só ele sabe fazer. A pista se abre, todos param pra aplaudir. Dizem que ele é filho de uma mulata que trabalhou com o Sargentelli, de quem herdou o carisma e talento. O que ele faz durante o dia ninguém sabe, é um mistério... Será que ele é mesmo desse mundo?

Não pensem que estou exagerando. Quem conhece a figura vai me dar razão. E o apelido – groove – do inglês, por causa do gingado, que enlouquece as mulheres que gritam quando ele joga os braços pro alto e treme todo. Acho que sei o porque desse fascínio, é uma dança da alma. Na pista, a lenda transborda prazer e alegria. E não sai de lá nem pra tomar água ou ir ao banheiro. Só pára no fim da festa.

Outro dia não resisti, coloquei uma música bem longa pra ter um tempinho de descer na pista e conversar com ele. Saí da cabine e fui cumprimentá-lo, disse que tinha algumas perguntinhas a fazer.
Ele me saudou como seu DJ preferido, o que me encheu de satisfação. A cada frase que dizia o Jorge, pirueta, salto e sacolejo de ombros.
- Todo mundo tá querendo saber onde você compra suas roupas tão descoladas? Onde você arranja esses modelos anos 70?
- Em brechó – responde o Jorge.
Eu também vou começar a vasculhar brechós daqui pra frente, mas tenho certeza que não vou conseguir chegar nem perto daquela bossa que só ele tem.
- Você já estudou dança?
- Não, eu já nasci dançando... aliás, vou aproveitar a ocasião para lançar um passo novo: o “Stop Freeze”!

Dito isso, ele pára de repente, estático, congelado, numa pose. O clube vem abaixo! Gente gritando, arrancando os cabelos, quem estava no bar correu pra ver o que estava acontecendo. Gruvi Jorge ficou assim, suspenso no tempo em minutos que pareceram eternos. Catarse geral. Ninguém nunca tinha visto o Gruvi parado. Foi nesse dia que entendi o significado da expressão “menos é mais”.