O FEITIÇO MARAVILHA - parte I

Era uma vez uma fadinha que se achava sem graça. Se chamava Violeta e nem de seu nome gostava. Essa era a cor de suas asinhas, mas já estavam quase brancas de tão desbotadas. Também não gostava das sardas em seu rosto, do seu dentinho da frente que era meio torto e a fazia ter vergonha de sorrir. Seu vôo era tão desengonçado que vivia machucada, sempre tropeçando e trombando em alguma coisa por onde passava.

Na Escola de Magia, tirava as piores notas. Não tinha mais vontade de estudar porque ninguém lhe dava atenção, nem mesmo sua professora. Ela ficava admirando suas coleguinhas, sempre tão coloridas, talentosas e inteligentes, mas quando decidia copiar os trejeitos de uma, a maneira de se vestir de outra, era pior. Se sentia mais ridícula e percebia as outras fadinhas cochichando pelos cantos, na certa caçoando dela.

Uma noite sonhou que mergulhava no riacho e brincava com os peixes, quando achou uma caixinha prateada entre as pedras. Uma caixinha tão bonita e brilhante, na certa continha algo valioso! Correu para trás de uma árvore e disfarçadamente, para não despertar a curiosidade de ninguém, abriu sua tampa. Dentro havia um papel enrolado e amarrado com laço de fita cor de maravilha. Antes de desenrolar o papel ela já sabia: tinha encontrado o feitiço secreto da beleza. E não é que tinha razâo? Escrita com letra de fôrma, lá estava a lista de todos os ingredientes para a fórmula do charme, do talento e da graça, com o título de “Feitiço Maravilha”. Foi quando acordou assustada.

- O feitiço que eu sempre sonhei! Ele existe! Mas quais eram mesmo os ingredientes? Baba de borboleta… pétala de orquídea… o que mais mesmo? Xiii… Eu não me lembro!

Não conseguiu mais pregar os olhos a noite toda, voava de um lado para o outro tentando se lembrar dos ingredientes, mas em vão. O jeito era procurar a fórmula sem descanso, até encontrar. Vasculhou a bibioteca da escola, devorou um por um todos os livros de magia e nada. Sua professora nunca tinha ouvido falar de um feitiço desses. Saiu perguntando para as fadas mais velhas, os duendes, os gnomos as salamandras… ninguém conhecia nada nem parecido. Procurou também na grande Biblioteca da Floresta, todos os dias depois da aula, cansada de espirrar por causa da poeira dos livros. Que nada, nem sinal do precioso segredo...

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